Ilha.


Os acordes perfeitos. Uma voz que ressoa nas estrelas da noite. Um mundo que pára num silêncio respeitador. As lágrimas que teimosas não se escondem. O navio que parte. O navio que volta. O navio que nunca abandona. O amor dorido mas sempre presente. As historias de uma vida escritas nas cores do mundo. Um balanço que nos arrasta numa viagem pelo sentir. A terra longe cheia de sonhos. A esperança. A conquista. A ilusão da glória. As palavras que juntas fazem sentido. O rumo da vida. A pequena partitura, tão grande em beleza, que cada dia desenha melhor o caminho e se torna mais certa. O pequeno lugar seguro num mundo rodeado pelas águas do destino.

Se vai ao mar

Navio da boa hora

Pode encalhar

Na ilusão da glória

Em prata e oiro

Direi então a história

De um marinheiro

Que à Pátria não voltou

De amores primeiros

Se abandonou ao vento

Nos mares do Sul

Seu coração ficou

Ilha gentia

Viva no pensamento

Da aventura

À voz de uma monção

Que assoprou leve

O caminho a Oriente

À nau feliz

Por nunca mais voltar

Ilha, Escstunis


ESCS

[A todos aqueles que se deixam tocar pela simplicidade perfeita desta música. A todos aqueles que partilharam um momento brilhante. A todos aqueles que de mais próximo estiveram na noite de ontem. A todos aqueles que pintaram de prata e oiro uma noite brilhante. Obrigada* Malae]

Corpo.

Corpo dorido e perdido. Corpo vivido e sentido. Corpo que quer esquecer. Corpo que precisa de reagir. Corpo que se perde. Corpo que se em momentos. Corpo que não aguenta mais. Corpo que chora. Corpo que ri. Corpo que acredita. Corpo que desespera. Corpo que não sabe. Corpo que não quer. Corpo que anseia. Corpo que vive. Corpo que te ama.




Sinto-te passear no meu corpo
Corres-me nas veias
Penetras-me na pele
Controlas a respiração ofegante
Dás vida aos lábios secos
Comandas o corpo que ganha vida
Paras o mundo como só tu o sabes fazer
Trazes o desejo e a paixão
És perfeição perdida e consentida
És domínio e querer sem pensar
És destino e desencontro
És procura e conquista
Requintes de doçura
Espalhados em lençóis quentes
Abrigo das noites desertas
Controlo desenfreado preso
Num sentir sufocante
Que te torna real e presente
Reacção perfeita de um corpo
Sem força para te combater
De uma alma presa ao teu destino
De uma vida sentida em ti.

Malae
[Poema sem destino. Poema sem dono. Poema sem nexo. Costuma-se dizer que escrever vem da alma, que escrever por vezes dói. Linhas de sentir perdidas na força. Palavras arrancadas do intimo. Sentimentos que precisam de sair. Um esforço em vão. Uma tentativa de encontrar o caminho. Confidências arrancadas a fogo no meio de uma pausa na luta diária. Na tentativa vã do esquecimento. Na busca louca de seguir em frente. De domar a saudade. Essa saudade por vezes boa por vezes má. Essa saudade que traz um sorriso e uma lágrima. Essa saudade que nenhuma linha apaga, por muito que se tente. Porque o corpo que a transporta precisa de paz. Porque o corpo que a transporta se sente vencido. Porque o corpo que a transporta não sabe o que fazer com o que sente. Porque o corpo que a transporta não sabe lidar com esse amor. porque esse corpo não sabe o que fazer contigo.]


*Raras são as vezes que leio o que escrevo e eu própria me perco. Raras são as vezes que busco um sentido nos rabiscos que deito nas folhas. Raras são as vezes que questiono as palavras debitadas à velocidade do pensamento. Mas hoje perdi-me. Porque luto contra ti e contra o que sinto. Porque continuo a procurar respostas e força. E porque continuas a ser caminho.

Contradições.[e delírios*]

Uma cabeça que lateja. Tudo dentro dela parece em guerra e mutação. São as ideias claras que se digladiam com os sentimentos, procurando fazer prevalecer o razão cada vez mais necessária. Um corpo que não consegue reagir. Tenta, tenta, tenta. Por todos os meios, quer ser insensível, não deixar transparecer o efeito que aquele olhar lhe provoca. A alma, a alma extenuada, nada consegue fazer. Sente saudades, sente um vazio, sente, sente sempre. Não sabe mais que fazer. Quer esquecer, fingir que não aconteceu, demonstrar que já não é, gritar ao mundo que conseguiu. Mas a porta não se fecha, a janela não desce, as forças escasseiam. O som doce de um nome simples, a pele que se arrepia quando sente passar, o toque no cabelo, o sorriso maroto, o canto de quem fala, a beleza escondida, a simplicidade, a força de vontade, o sorriso, o abrigo, a vida. Nada se esconde na gaveta fechada, nada se apaga na página rasgada. Tudo é. E a alma, vagueando no meio do seu sentir, continua a querer destruir o tudo. Antes que o tudo a destrua a si. E ela se esgote cansada de gritar...

Contradições da Natureza

... Odeio-te porque te foste embora. Odeio-te porque ainda sinto a tua falta. Odeio-te porque todos os dias tenho saudades tuas. Odeio pela pessoa que és. Odeio-te pela pessoa que era quando estava contigo. Odeio-te por me teres tornado uma pessoa diferente. Odeio-te por teres quebrado as minhas forças. Odeio-te por me teres mostrado as minhas fraquezas. Odeio-te por te ter que agradecer por isso. Odeio-te por me fazeres sorrir com vontade. Odeio-te por me teres feito ver que chorar não é uma vergonha. Odeio-te por teres um sorriso que ilumina o mundo que te rodeia. Odeio-te porque esse sorriso me enchia de alegria. Odeio-te porque fazias questão de te rires mesmo nas conversas sérias. Odeio-te pela tua alegria de viver. Odeio-te pela tua força. Odeio-te porque sabias sempre o que dizer. Odeio-te porque quase sempre tinhas razão. Odeio-te por me fazeres dar o braço a torcer. Odeio-te porque acordavas sempre bem disposto. Odeio-te porque nunca desistias. Odeio-te porque o teu abraço era um mundo que não queria abandonar. Odeio-te porque me fazias feliz. Odeio-te porque a tua ausência é tão forte como a tua presença. Mas que raio?!... Não era mais simples não te amar?!...

Malae

* delírios reeditados.

[um] jogo.

És um jogador! Jogas em todas as áreas da tua vida! Mas o problema maior talvez não seja esse… afinal a Vida é um jogo! O pior é a maneira como jogas! És um competidor nato, mas não ganhas a qualquer custo! Não… o teu jogo seduz, cativa quem o vê, prende a atenção, leva-nos a entrar nele! E depois começas a dispor dos jogadores (sim, tu não recusas nenhum jogador) tendo em conta as tuas preferências e não as deles! És o treinador que tudo controla, como nos jogos de futebol que tanto gostas! Mas o plantel é excessivo… e tens que rodar as pessoas! Algumas mudam de posição no teu campo, mas outras vão para o banco! E aí fazes aquilo que mais detestas que te façam – nem uma explicação! Continuas o teu jogo e olhas para as pessoas a sorrir, como se isso fosse motivo para te desculparem! Mas ninguém sai do teu jogo… continua-se lá preso, à espera que voltes a mudar a equipa e pegues de novo no jogador que ficou esquecido no banco, a olhar em volta, muitas vezes sem perceber o que aconteceu! O teu jogo continua sedutor, cativante! A Vida é um jogo! Mas sabes que podias fazer?! Ao menos perguntar-nos se queremos fazer parte dele!!!! *
Malae


Is it getting better

Or do you feel the same?

Will it make it easier on you now

You got someone to blame?

You say

One love, one life

When it's one need

In the night

One love

We get to share it

It leaves you, baby

If you don't care for it

Did I disappoint you

Or leave a bad taste in your mouth?

You act like you never had love

And you want me to go without

Well, it's too late

Tonight

To drag your past out

Into the light

We're one

But we're not the same

We get to carry each other

Carry each other

One (...)

U2


* reeditado. quando o tempo passa e tudo continua a fazer sentido. o jogo da nossa vida deve ser preparado com cuidado.

Aos noivos.


Um olhar doce e terno
Que finta o tempo que foge
O sorriso perfeito
De quem acredita no amor
Uma dança singela
Nos passos de um violino
Um branco transparente
De um sentir em sintonia
Dois corações rendidos
Na esperança do amanha
Voando nas asas de um sonho
Desejando a felicidade eterna
De uma vida que não se esgota
Mas revive num suspiro!
Malae

O amor nem sempre é um lugar estranho.

Porta.

[A vida são pequenas páginas que preenchemos todos os dias. Momentos que espalhamos com manchas que impregnam o nosso ser. Estórias doces e amargas que nos fazem crescer, querer, viver. Pequenos nadas com a força do mundo que nos moldam e nos criam. A essência do nosso ser. Mas o tempo passa e desgasta as folhas que com carinho guardamos. Algumas perdem-se. Outras permanecem fortes. Outras ainda são diferentes. Precisam do recanto do silêncio pedido. O silêncio obrigado de quem mais não pode fazer do que as partilhar em lembranças. As páginas que se fecham a sete chaves nunca se podem perder… mesmo que um dia a porta se feche!]



Fecho a porta não porque quero
Mas porque a tua voz doce o pede
Guardo num canto sagrado
O que aqui vai, a saudade, o sentir
Faço deles trapos velhos
Sem sentido e amachucados
Para não ter que lhes pegar mais
Para deles não me servir
Quando mascaro o dia a dia de sorrisos
Que escondem o desejo de um abraço teu
Prendo o céu azul dos teus olhos
A um mundo de nuvens
Para não me perder no caminho dos teus sonhos
Colho a seara do teu cabelo
Para que possa percorrer os campos
Sem sentir o doce toque do teu ser
Peço aos pássaros que sussurrem
Para não me deixar voar na música do teu embalo
Finjo que o passado é uma página rasgada
De um livro que por perdido não existe
Estrangulo as palavras para que a voz
Embargada não me traia ao som do teu nome
Deixo que as palavras não escrevam
O que coração tolo quer dizer
Peço ao mundo que não me oiça
Não vá eu não me conter


Malae

25 segundos.

Aqueles que o tic-tac marca impaciente
O som melódico de uma vida que segue
Um coração que pulsa
Num suspiro de crença
Um andar extenso que não acaba
Feito de pedras e flores sem destino
O céu azul um porto no horizonte
O sol quente o regaço escolhido
Uma tela que se pinta
Roubando as cores do mundo
As lágrimas que se gritam
Os sorrisos que se desenham
As palavras que se procuram e não se encontram
A esperança na palma da mão
E a utopia na mochila que pequenos
Carregam os desejos nas costas
Pelas montanhas do tempo
A bola que gira levando-nos com ela
Na viagem que começa num grito
E termina como num sonho
Alma extenuada e tranquila
Embalada no longo caminho para a felicidade!

Malae

Vida

[A todos os que completaram estes 25 segundos!]