acordes.

Tantos, tantos anos a cantar uma vida. Mais do que duas mãos, tão cheias de tudo e tão cheias de nada. Uma melodia sempre certa, uma frase encaixe perfeito. Como se fosse obrigatório haver banda sonora em todos os passos. E agora, os acordes perfeitos. Uma alma que estremece só de pensar em ouvi-los. Porque mesmo que quisesse escrever, não o faria tão bem. Malae

erro.*

«É de manso que voltas
Mas é de repente que arrebatas a minha alma
Doce ilusão, triste saudade
Agrura de um dia sem sol, de uma noite sem estrelas
Perdido em lágrimas esgotantes
Fazes de mim sentido ser

Habituado a errar e a perder
E a sorrir na tua ausência
Como se o mau pudesse ser bom
E o que doí fosse sinónimo de alegria
Estás lá, nas linhas da minha vida
Na certeza do novo dia!»


Um outro livro...

Malae

* [sistemático]

Sem resposta.

E as saudades? O que faço às saudades? Malae

it was a fall. it's a long way.

«i was unconscious, half asleep. the water is warm 'til you discover how deep. i wasn't jumping, for me it was a fall. it's a long way down to nothing at all»

Malae

carta.

«Deves estar a descansar a esta hora. Não tarda e os primeiros raios de sol começam a surgir no teu horizonte. Aqui ele já não brilha no céu. Será que vais acordar bem-disposto? Ou, algo que é raro, só muito depois se te pode dizer algo? Estes últimos tempos tem sido povoados por pensamentos como estes. Como estás, o que tens feito, como te sentes, até o que tens vestido.
Nesta última tempestade, e pela primeira vez, senti que te perdi. Porque faltaste, como nunca tinha acontecido. Será que o teu, talvez sexto, sentido se perdeu? Ou pura e simplesmente é ignorado? Mesmo tão longe e distantes, nunca uma palavra tua falhou. Um abraço teu envolto no espaço. Um sorriso levado pela brisa da distância. Milhas que nunca o foram. Mas que agora são espadas, afiadas e cruas, que não nos deixam aproximar.
Senti. Percebi. E despedi-me. Em tantos locais que partilhámos. Talvez o devêssemos ter feito naquela último café a dois, quando ambos percebemos que nenhum de nós o faria e fugimos. Não se apagam páginas inteiras de uma vida. Mas guardam-se. E sei, porque o sinto, que tu já as colocaste numa qualquer gaveta.
Não, não consideres isto uma crítica. Apenas uma contestação dolorosa de quem assina a nota de culpa. Sempre achei que nunca se deve dar nada por garantido. E eu, que sempre acreditei nesse lema, muito menos o devia fazer. Não eu. Mas fiz. E errei. Achei que estarias sempre aqui, porque a eternidade para nós não teria distância. Quando levaste as lembranças físicas, não me importei e deixei. Pensava, que burra eu, que as memórias chegariam, pois tudo o resto estaria sempre ao virar de qualquer esquina. As barreiras não existiam entre nós. Mas existem, porque as criámos. Porque deixámos. Fugimos para a frente numa estrada sem caminho. E tu escolheste o teu.
Um dia, recordo, no meio de uma discussão, com um motivo que ainda mais magoa, disseste-me secamente: "deves ter um grande motivo para agir assim". Não me lembro da resposta, não sei sequer se te respondi. Mas faço-o hoje. Fi-lo, como depois repeti, e acho que sempre o farei, porque nunca amei com o meu lado bom. Esse esconde-se sempre. Foi sempre o lado errado a entregar-se. Talvez seja o único que o sabe fazer. Mas fá-lo tão mal! E, com isso, enterra-me, revolve-me, destrói-me. Merecias tudo de mim, e eu dei-te apenas os poucos que consegui. Quando tentava dar mais, estava perdida em caminhos errados. Foste o meu lado mais egoísta. Peço-te desculpa por isso, e mais sincera não posso ser. Sempre fui egoísta quando o assunto eras tu. Como? Como pude permitir-me isso?! Como deixei que a minha cegueira levasse dos poucos que procurou e me deixou ser.
Agora, é tarde. Percebo-te. E só espero que chegues onde queres. Desejo-o como se fosse para mim. Por isso, a despedida. De letras e não de sons. Porque eu não consigo dizer e tu não queres ouvir. O que me magoa mais. Ter-nos destruído.
Estas linhas devem fazer pouco sentido. Mas andavam-me a consumir à tanto, tanto. Já doía pensar, esconder, guardar. Não sei se quer se fazem juros ao turbilhão que sinto. Tenho esperança que, mesmo escondido, por aqui passes e deixes que te diga o que mereces. Obrigada por me deixares ser, por me ensinares, por não teres desistido de mim. Não foram muitos, e melhor do que ninguém sabes disso.
Não falo em despedidas, aquelas que todos tememos. Não, quando te guardo em mim ainda. Não o que foi. Digo apenas «até já», mesmo sabendo que o breve nunca chegará.
Queria apenas fazê-lo condignamente. Dizendo-te que a ti, amar-te-ei sempre! Porque é no meu lado melhor que estás guardado. E que, quando o sol for dormir, irei sempre sorrir. Porque está a nascer para ti. E sei que nunca vais desistir dele.»

[Comemoras hoje, Timor, seis anos de liberdade, sonhos e obstáculos. Ha'u hadomi o!]

Malae

Do alto do Jamor.

«Num estádio que é verdadeira paixão, tantos amores, com tudo o que isso significa, me correram à memória. Como se todas aquelas escadas trouxessem recordações longínquas e tão próximas, ao mesmo tempo. Foi o desfiar de tantas vidas, de tantas presenças, de tantos momentos. Mas de ausências. Muitas e demasiadas, como aquelas que podemos aguentar. Tal como se cada final fosse um pequeno filme do que se passou. Antes, durante e depois. Do alto daquela pedra, linda e sem fim, as imagens voaram em catadupa. Ali, tão distante quanto se pode estar do que é nosso, voltei a perceber o que já foi. O que é. E o que não será. O que poderá ser, não se sabe. Tudo o que faz parte de nós ensina-nos mais um pouco. E, na chuva que foi caindo e escondendo o sol, houve saudades. Muitas e demasiadas, como aquelas que podemos aguentar. E, num ápice, começaram-se a desenhar as linhas de uma despedida que se sabe já certa, que se escreve há tanto. Como é tanta a falta e a distância que separa os dois lados do [nosso] Mundo.»

Malae


Amores de diferentes cores.


L&M.

Os [meus] dois maiores.


[E na bancada, longe da vista, mas nada mais, o MEU Alves da Cruz.

Algo me dizia que por ali andavas.]



Aupa, Pucela. Nos quedamos!

Malae


















banco.



No banco de um jardim ressoam histórias de encantar. Sonhos que já foram. Sorrisos que já não alegram. No banco de um jardim, hoje mais gasto e só, baloiçam sentires antigos. Viveres que já não voltam. Saudades que não mudam. No banco de um jardim... neste, noutro qualquer. Num banco de jardim. Sempre. Porque aí se escreveram linhas que o tempo apaga, mas não destrói. Um banco de um jardim. Este tão longe, aquele tão perto. Os dois tão distantes. Os momentos têm todos um banco de um jardim...

Malae







Obrigada.


Não se pretende aqui comparar jogadores, sentimentos ou paixões. As histórias escrevem-se a linhas de cores diferentes e vão a ritmos diferentes; uma que ainda está a começar e outra que termina, para começar outra era. Mas ficam os agradecimentos.

A um, o obrigada pelo orgulho com que enverga aquela braçadeira amarela, símbolo dos maiores do clube. Obrigada pela humildade, pela garra, pela luta, pelo empenho. Obrigada por não virares a cara, mesmo que ali no meio muitos te vejam como um pequeno “Noddy”. Obrigada por fazeres do lema do Sporting a crença da tua carreira. Os grandes fazem-se de pequenos, João Moutinho. E da tua grandeza nunca ninguém pode duvidar.

A outro, o obrigada, sincero, de quem nasceu a amar o futebol e vai morrer apaixonada pelo desporto rei. Obrigada, Maestro, Príncipe de Florença o Eterno 10 das «quinas»! [porque nem com números a dobrar te farão sombra…]. No domingo, naqueles minutos de silêncio ao pé do Estádio de Alvalade, ficou patente a tua classe! Como jogador, dos maiores, e como Homem, não menos grande. Volto atrás na fita e não recordo nenhum jogador do Benfica, que não tivesse passado pelo Sporting, a ser aplaudido em Alvalade. Na casa do “meu [teu] Benfica”, ficaram os milhares de aplausos merecidos e que, por certo, se espalharam por todos os recantos do país. A homenagem devida. Aquela que ninguém soube fazer ao João Pinto. Ao menos, que honra te tenha sido feita. E o futebol português ficou mais podre.

[E como os agradecimentos não têm ordem, e o que vem no fim, devia estar no princípio: obrigado à Dany-Rainbow pelo apoio e ao Diogo pelo «sangue-frio»!!!]

Malae

[2x07.05.2001]

[Saudades. Expressas num sete de todo imperfeito.]
Malae
* Vilar de Andorinho