
Pisaste um dia a terra descalça do "bua" e do "malus", paraste um dia à sombra da casa alta estranhando o "tuaka" e reparaste no seu dono cobrindo com a nudez do seu "hakfolik" a campa dos antepassados. Miraste o seu suor tórrido lavando as faces do seu rosto sujo; ouviste ainda o seu "hamulak entoado em "tais" do seu "lulik" e respeitaste o "manuaten" Conheceste, na pobreza da sua pele, o magro olhar altivo profundamente rude infinitamente íntimo. E o dono da terra guardou o seu "ai-suak" matou o seu "karau" e levantou o "odan" agarrou no "tali" e saiu em busca do seu "kuda" esgrimindo o "surik" contra o "naog’tem"; e de longe, de mui longe, de cá dos oceanos, ferido, ensangüentado, mas firme no berço do crocodilo arremessou o seu "diman" e sibilando no espaço da história rude e profundamente te rasgou a carne e íntima e infinitamente abraçou a tua alma de português, e tu amaste-o ... e de longe, de mui longe, de cá dos oceanos arremessou o seu "diman" que rude e profundamente te atravessou a carne e íntima e infinitamente abraçou a tua alma ... e tu ... amaste-o ! ... Xanana Gusmão [O sonho, a esperança, o amor. Nas palavras certas. Não me leste, não me ouviste, não me conheces. Mas eu senti-te. Reli-me. Encontrei-me. Obrigada, Kay Rala. Malae] |