16.

O sorriso mais bonito do mundo.
Há 16 anos, ontem, hoje, amanhã e sempre.

(te quiero. Andrea)

Malae

24 de novembro.

O tempo voa. Parece que foi ontem que aqui estavas.
E é aqui que estás sempre.
Amo-te.
Por favor, não te esqueças disso, mesmo que não o diga sempre.

Menina dos cabelos de linho.

diário vinte mais dois.

E, de repente, podia jurar que era 4 de dezembro de 1998. o meu coração reagiu como tal. e, lá no fundo, eu fiquei feliz. Por tu existires. Malae

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Medo. Dor. Saudade. É este o mar que embala o barco. Mas a vela já tem pouca força para se guiar. Malae

quem sabe.

Podemos pagar toda a vida por uma má decisão tomada quando éramos crianças? Ou no momento em que o deixámos de o ser? Ou é impossível reverter um processo que é toda a nossa vida, que faz de nós o que somos, cortando os pedacinhos, todos os dias? Não é a vida misericordiosa para perceber que, às vezes, o medo é tanto que não fugimos, escondemo-nos? Como se faz? Como se faz?... Malae

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Algum dia vai deixar de doer? Porque o ferro já feriu os ossos e não há mais nada que esconder, nem mais onde aguentar. Malae

carta a Gotze.


«Não sei se é essa língua que arranha, se esse ar gélido. És a personificação das más notícias, o diabo que veio das profundezas do inferno pessoal para me atormentar perante todos e mais alguns. O pior de todos muda de sítio, vai às dobras, e de repente, o mundo desaba. Um segundo. Nem sequer tens ginga ou finta, nada. Vens, ultrapassas-me e eu perco-me. Não sei onde estou e porque ali estou. Se os dias passaram ou eu estou simplesmente deslocado. Vens e eu tento parar a bola, que acho ser o mundo, e não permitir que ela me fuja ao controlo. Não te ries, porque és gélido, mas deixas-me a mim a chorar. Não o vês, porque eu jamais o vou deixar, mas destróis tudo. Sabes o que isso é?! Antes o outro da ginga, que com esse eu resolvo tudo. Ele não se acaba a rir. Mas tu tens um ar gélido. Tu fazes-me falhar, expor-me, lembrar-me do ridículo que sou. E aqueles ali a olharem para mim, a pensarem “o que se pode esperar dele”? Nada. Não esperem nada de mim, nada bom, nada. Porque tu mesmo com esse ar gélido vais voltar a cruzar-te comigo. E eu vou lembrar-te que sou pior do que qualquer inferno pessoal. Só que nessa altura já não tenho nada. Nem o orgulho prometido que parti ali, em milhares de vidros pequenos. E não há nada que mais me mate do que isso: falhar, ali, para toda a gente ver, sem ninguém perceber, aos olhos de quem acredita em mim. Em mim, de quem nada devem esperar. E tenho que calar. A seguir vem outro igual a ti, a bola escapa, a bola queima, não é a bola, é a vida, é tudo. Por muito que vos mande para a puta que vos pariu, vocês multiplicam-se, vocês são mais, vocês brincam com o meu ridículo. Massacram, massacram, massacram. E eu que nem me quero lembrar do teu nome, que procuro o teu colega, porque um dia fiz uma promessa que nunca consegui cumprir, só sinto os vidros partirem. Tu não tens ginga, não tens nada. Tu não me provocas, não me atacas. Como é que eu posso ganhar-te? Vais ser sempre mais forte do que eu e o meu melhor não chega para te travar... Afinal, eu sei. É esse ar gélido.» Malae


(das metáforas.)


do outro lado do mundo.

Se imaginasses as saudades que tenho tuas, do meu melhor amigo, deixavas de ser parvo. Ou mau. O que me custa é que não precisas de imaginar. Tu sabes. Tu tens que saber. Que sempre que te imagino sentado naquela praia de areia fina e mar quase transparente, parte de mim está aí contigo. E está sempre. Mesmo que seja a última pessoa a poder pedir-te isto, não me abandones de vez tu também... Malae

diário vinte mais um.

Amo-te. E só isto, porque mais nada tenho. Malae

anjo.



you.
Malae

diário vinte.



Não sei se sabes que dia é hoje, se sabes que passaram 5479 pores-do-sol desde aquele 31 de maio. 15 anos. Meu deus, o tempo voa. E 15 anos depois era capaz de te contar esse dia, esse fim-de-semana, segundo a segundo, momento a momento. Com mais facilidade volto a cada instante, do que faço o luto destas últimas três semanas. Recuso-me, não quero, não aceito. Como dizer adeus, se tu és a melhor parte de mim? Se todos os dias existe um segundo que te odeio e todos os dias me deito a agradecer por existires e te poder amar? Tanto, tanto para dizer e não será hoje. Todas as palavras pensadas, sentidas, esperadas se esfumam cada vez que penso que amanhã não te vou ver. Que não estás em simples férias. Que as coisas mudaram. Como se fosse possível mudarem mais. Não quero dizer-te nada e quero dizer-te tudo. Que não me esqueço de ver o carro partir e sentir o chão tremer. Que não me esqueço de te ver sorrir e de saber que isso era a minha vida. Que não me esqueço que amar-te é o melhor que a vida me deu. 15 anos. 5479 dias. 131.496 horas. 7.889.760 minutos. 473.385.600 segundos. Exactamente da mesma maneira. Malae

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Alguns dias não deviam existir, simplesmente. Malae

Diário dezanove.

O Valladolid desce de divisão e tu sais de cena. Não há coincidências ou dia tinha mesmo que ser negro? Malae

diário dezoito.

Queria um abraço teu. Ficar em silêncio a teu lado. Ver-te sorrir. Queria estar longe daqui, desta melancolia, desta saudade. Malae

diário dezassete.

«Oh, captain, my captain.»
Malae

diário dezasseis.

Foi lindo, maravilho e fantástico. E, mesmo assim, nem metade do que tu merecias. Malae

diário quinze.

2+28+2+6+4+16+19+5+20=1. Malae

diário catorze.

Não sei se sinto, se finjo que acho que não sinto. Anestesiada. De cada vez que olho para o relógio, e não faço outra coisa, só consigo pensar que é menos um minuto. Menos um minuto de ti. E o que se faz com um pensamento desses?! Malae

diário treze.




Assim. Malae

diário doze.

Não consigo parar de te imaginar ali, no túnel, pela última vez. O que vais sentir, o que se vai passar, como vais reagir. Tu. E todos os que te amam contigo. Dava tudo para estar aí, mas, na verdade, acho que não me chegariam 45 dias no campo para fugir do dia que menos quero que chegue... Malae

diário onze.

43 minutos. É esse o teu presente? 43 minutos de ti. Consigo ler-te em todos os teus gestos, antever alguns, recordar outros. 43 minutos de ti. 43 minutos de ti... Malae

diário dez.

Se conseguisses imaginar o que vai aqui dentro. O quanto custa este tic-tac sem fim. Na verdade, o pior de tudo é que não me dês tu a mão nesta altura. Porque eu sei que tu vais conseguir. Eu, tenho as minhas dúvidas... Malae


diário nove.

Ouvi-te. Sincero, directo, duro, ternurento, querido, sem papas na língua. Vi-te sorrir. Vi-te emocionado. Vi-te a ti, aquele que nem sempre mostras. E voltei a apaixonar-me. Malae

diário oito.

Gostava de te dizer um monte de coisas que nunca tive oportunidade de te dizer. Uma delas é que tenho muito orgulho em ti. Na pessoa em que te tornaste. Na pessoa ainda mais excepcional em que te tornaste. Sempre foste especial. Só apuraste. Malae

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E todos os anos se torna mais difícil. Saudades. (e, por favor, tomem conta dele.) Malae


diário sete.

Apetecia-me um doce. Na verdade, apetecia-me gelatina como morangos. Hoje, já saberás que aquilo é a coisa mais fácil de se fazer e não voltarias a dizer que é a melhor do Mundo. Mas a gelatina com morangos faz-me feliz. Traz sempre com ela um sabor mais doce do que tudo o resto. Ainda comes gelatina com morangos? Malae

diário seis.

Tenho saudades de te ver sorrir, tantas, tantas. Saudades de ver os teus olhos brilharem. Saudades de esticar um braço e ter-te ali a meu lado. E tantas saudades de te ouvir respirar, no meio do silêncio. Sabes, há sons que também eles nos salvam. (e tantas, tantas saudades de sentir o coração, o meu, bater...) Malae

diário cinco.

Já te disse o quanto te amo, hoje? Malae

diário quatro.

Já perdi algumas pessoas na vida, mas todas de forma repentina. Ninguém chegou perto de mim com uma sentença de morte, tornando todo o tempo seguinte um minuto de adeus. Mas é o que sinto desde aquele dia: que alguém te traçou uma sentença e que entrámos em total contagem decrescente. E é por isso que me mato eu para agarrar todos os minutos, para que eles não possam fugir. São tão estúpida, esqueço-me tantas vezes do essencial. Não há sentença nenhuma, preciso de repetir incessantemente. Nenhuma. Tu continuas a existir no mundo, tu, o teu sorriso, os teus olhos, o teu abraço. Tu continuas a existir no mundo e isso faz com que todas as voltas que a Terra dá valham a pena. Malae

diário três.

Se algum dia te quiser matar, não deixes que o faça da pior maneira. Malae

diário dois.

Sentei-me no banco. No que foi nosso, no que é nosso, no que vai ser nosso. Estavas lá, de chapéu ao contrário, de calças de fato de treino enroladas, a brincar com um miúdo qualquer. Voltei a estar parada a olhar para ti e a pensar de que mundo vinhas. De onde terias saído para entrar na minha vida. De repente, viste-me e sorriste. Meu deus, sabes como ainda hoje dispara o meu coração? Ajeitaste-te no banco para eu me sentar e desataste a falar sem parar... Naquele banco onde estivemos tantas vezes, onde me ensinaste a ser melhor, onde me salvaste. Um simples banco. Tanto do que fui contigo. Malae

diário um.

Os minutos parecem dias. Estúpido. Há quantos milhões de dias, assim sendo, os meus minutos não parecem minutos porque não são contigo? Mas os minutos parecem dias. E mesmo assim o tempo voa. Porque todos esses minutos que parecem dias são, novamente, os meus últimos minutos contigo. Os meus últimos dias. Malae


tic, tac, tic, tac, tic, tac...

E o que é que eu faço com as saudades que já tenho tuas? Malae

telegrama.

Tenho saudades tuas. E espero que estejas a sorrir, neste momento. Porque só assim o mundo faz sentido. Um beijo. Malae