[9 de Setembro. 12 de Novembro. 24 de Novembro. Silêncio. Talvez merecido.] Malae |
24 de Novembro.
(a)moral.
Pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
'se nunca fui boa pessoa, porque havia de o passar a ser agora'?
Malae
Quanto?
Mesmo que os dias passem a correr e só a brisa toque o doce e terno ser do teu sorriso.
E a consciência, presa, não consegue gritar o que o coração não esquece.
Malae
hasta la victoria, siempre!
Talvez um dia.
“Luto. Corre o tempo último perante a necessidade de entrar num processo duplo. De luto. Para enterrar o passado que me persegue e se detém sempre a meu lado. De luto. Porque só lutando contra mim própria tudo pode mudar. Agora, hoje, neste momento, dói ver-te, como tem doído ultimamente. Não sei já se te hei-de agradecer, se hei-de te culpar. Roubaste-me a única coisa que me distinguia dos outros. A minha força, as paredes indestrutíveis de um castelo que tanto trabalho deu a construir. O único traço me que dava marca, graça, ser. E tu levaste-o. Como levaste a minha vida, o meu sentir, o meu pensar. E eu deixei. Agarrei o vazio que ficou no teu lugar e tornei-o em ti. Porque era assim que te sentia perto. É assim que te sinto todos os dias. Sem perceber a rapidez com que tudo enterraste. Sem perceber que foi como um jogo, que quando acaba se deita para trás das costas, porque tudo é efémero. Sem perceber que dançavas no vazio, num jogo que nunca irias perder, porque as regras foram feitas por ti. Dói. Como não doía há muito tempo. Foste um falhanço. Talvez apenas mais um. Porque olho para trás, e pergunto onde me perdi. Não tens as culpas todas. Fui eu que deixei. Procuro-me. Sinto-me em bocados de um passado que já não posso recuperar. Nunca. O comboio passou uma vez. Deixei-me ficar naquela estação que me prendia a um mundo que acabara de perder, com ele, ficou tudo o resto. Os sonhos, as vontades, as realizações. Fui eu que tudo deixei ir abaixo. Porque perdi a força. Como quando se perde um pouco de nós. E eu fui perdendo. Porque tanto que contigo se perdeu era apenas a minha vida. Não só tu. Todos. Um mundo que era meu desde sempre. E eu não o reconstruí. Fiquei apenas nas ruínas que tanto me diziam. Como se do pó, surgisse de novo o meu traço único. Mas nada na vida se ganha. Só se conquista. E as minhas lutas não dão em conquistas. Porque não sei já lutar. Sinto falta de tanta coisa. És apenas mais uma. Talvez nem a mais importante. Mas a que mais me persegue. Porque foste o marco. Há contigo um antes e depois. E nesse tempo tudo aconteceu. E no paradoxo em que me rejo procuro força para lutar. E encontro-a em ti. Serás sempre um exemplo. Mesmo que doa. Devo-te isso. Porque foi assim que abri os olhos. Não aprendi. Talvez nunca seja capaz de o fazer. Se assim fosse, nenhuma destas linhas tinha texto. Não procuro fazer sentido. Não procuro sentir. Se voltar atrás, se calhar não reconheço o que escrevi. Não reconheço a pessoa que aqui está. Mas reconheço o processo, a dor, o vazio. Conheço a saudade. Conheço o falhanço. A sobrecarga que deixo naqueles que ainda me acompanham. A desilusão do que se tornou. A vontade de um abraço. A vontade de um sorriso. A vontade de uma mão especial. Tudo perdido. Tudo sentido. Tudo igual. Isso reconheço. Como reconheço o longo caminho do processo duplo. Talvez sem fim. Talvez sem nexo. Uma vez se disse, que depois de se conhecer a felicidade, talvez daí para a frente, nada mais seja igual, ou próximo. Conheci-a. Mesmo sabendo tudo o que sei. Só posso dizer que a conheci. E talvez seja por isso que me submeti. Me perdi. Aceitei. Porque quando se sente que não se merece mais, tudo o que vem é a mais. E contra isso, aprendemos apenas depois que deixamos ir. Que mais uma vez perdemos o comboio. Que no mundo tudo o que vem, tem sentido. Que faz parte de qualquer coisa com sentido e ordem. E se não agarrarmos essa ordem, somos apenas pó numa galáxia. À qual não pertencemos. Talvez um dia o processo se conclua. Talvez um dia. Luto. Duplo. Por mim. Pelo menos desta vez. (I) Andrea” |
Queria.
Queria ter-te junto a mim. Queria sentir-te próximo, sentir-te realmente. Queria uma saudade que se tornasse dolorosa e quente. Que não fosse um fogacho passageiro que todos os dias morre e raramente cresce. Queria que me mudasses. Que desses algum sentido ao correr dos dias. Queria ver nesse sorriso o espelho que me aquece a alma. O caminho certo para percorrer. Queria olhar fundo nos teus olhos. E ver neles o sonho de menina que acredita. Queria uma lágrima que caísse. Mas uma lágrima certa, uma lágrima triste mas feliz. Queria conseguir mudar. Sair da camisa-de-forças que me detém. Queria redesenhar a história. Passar por tinta o futuro que não crio. Queria conseguir alcançar-te. Tornar-te num desafio à minha maneira. Queria escrever-te. Sinal que te tornavas importante. Queria. Mas o meu querer está preso. Não preso a ti, não preso a mim. Preso. Mas eu queria. Por mim. Que por ti não há querer. Queria. Acredita que queria. Malae |
Mais um.
[Rahun di'ak ba loron ohin, Timor!]
Parabéns, um beijo e saudade. Como daqui a esse lado do Mundo. O perfeito.
Malae
Parabéns, um beijo e saudade. Como daqui a esse lado do Mundo. O perfeito.
Malae
linhas estreitas.
Rasga-me a pele! Leva com ela o mundo de sentimentos Que o teu toque deixa no corpo Arranca com o teu doce sorriso Este coração dorido e perdido Sem saber com voltar a bater Recebe esta alma sentida Sobrevivente em passos perdidos de ti Saudosa do calor brando de mel Deixa-me cair! Renega a esperança que me acode Estilhaça a compaixão que me aflige Pega na mão que pede clemência Afasta-a do âmago condenado Dá-lhe mundo longe do sentir Suspende a respiração ofegante Nega um beijo perdido e seco Dá preto e branco ao sorrir Prende-me a ti! Conta-me o que escondido me realiza Explica-me o verdadeiro caminho Segura o mar violento que me revolta Acalma as ondas tristes no horizonte gris Aponta a areia quente e feliz Renega a dor na tela branca Tira do sangue a tinta espessa da vida Fecha o livro das contradições Feitas linhas estreitas na pele que deixo em ti! Malae [por quem não sabe o que diz. por quem não sabe o que sente. por quem perdido se procura. por quem recomeça no meio. por quem de um ponto quer fazer uma linha. por quem de um sonho quer um sorriso. por quem espera para viver. por quem divide para acreditar. por quem da calçada faz o caminho. por quem de uma história constroí o mapa. por quem de uma recordação se mantém vivo. por quem do mundo que desconhece não pode fugir.] |
a melhor escola.
"Prometi a mim mesma, num dia em que tudo parecia fazer mais sentido, que nem mais uma palavra diria ou escreveria sobre o turbilhão de sentimentos que provocas em mim. Que ficarias guardado na gaveta secreta, sem chave, sem abertura, sem hipóteses de recordar. Ficarias preso a sentimentos, saudades, deixando lágrimas, sorrisos, memórias. Mas em silêncio. Aquele sepulcral que se esconde e não quer ser partilhado. Foi uma decisão talvez extemporânea, talvez sem nexo. Mas era meu desejo levá-lo até ao fim. Cumprir com todas as minhas forças uma ideia certa, que não magoa, que não causa dano. Mas, há sempre um mas. Uma qualquer razão que evocamos para voltar atrás nas decisões que desejamos profundas e irreparáveis. E ver-te sorrir continua a ser motivo para andar para trás. Perco-me nesse olhar cor de céu, que ganha uma doce malícia quando passas a mão pelo cabelo desalinhado. Aquele sorriso fino e traquina que deixas em cada acção, cada movimento. Continuas a amar a vida, como fazias quando estávamos mais perto. Abraças o Mundo com os teus sonhos, como prometeste fazer todos os dias. És tão tu em todos os momentos, que é difícil acreditar que o tempo também passou por ti. E, sem explicação aparente, continuas a surgir em sonhos, a dominar pensamentos, que se querem concentrados nas obrigações diárias. Não tem explicação, porque recuso a 'verdade insofismável' de quem defende que é mais fácil voltar a não acreditar no Amor, do que correr o risco de sofrer. Acreditar, acredita-se sempre. Com mais ou menos oportunidades, com mais ou menos fulgor. Cruzamo-nos com novos desafios, enfrentamos novas palpitações, e nada controlamos. Mas, e há sempre um mas, se, por alguma vez na Vida, parámos no tempo e deixámos lá o nosso coração, não se trata de acreditar. Trata-se de não conseguir resgatar. Desejamos seguir em frente e acabamos por fazê-lo. Lá fora, na penumbra da noite guia, é o encanto que nos espera. Foste tu que me o ensinaste. Há sempre caminho, há sempre futuro. Mas o Passado não se esquece, não se apaga. Muito menos, quando fez de nós o que hoje somos. É isso que te devo todos os dias. Quando te entrego o meu sorriso, na proporção de todos aqueles que me dás. Mesmo que ninguém perceba ou que todos critiquem. Foste e serás a minha melhor escola. E essa dívida nunca te poderei pagar. 'Ahora e siempre', Andrea." Malae |
e íntima e infinitamente abraçou a tua alma.
Lá, longe.
I walked across an empty land I knew the pathway like the back of my hand I felt the earth beneath my feet Sat by the river and it made me complete Oh simple thing where have you gone I'm getting old and I need something to rely on So tell me when you're gonna let me in I'm getting tired and I need somewhere to begin I came across a fallen tree I felt the branches of it looking at me Is this the place we used to love? Is this the place that I've been dreaming of? Oh simple thing where have you gone I'm getting old and I need something to rely on So tell me when you're gonna let me in I'm getting tired and I need somewhere to begin ![]()
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Timor.
Dizem que a praia da Areia Branca é a mais bonita do Mundo. Que naquele poiso tocado pelos deuses da Natureza se vê o pôr-do-sol mais laranja dos quatro cantos do planeta. Diz, no entanto, quem já a pisou que não esquece o "vermelho" da água e da areia. Resquícios das milhares de vidas roubadas nas pontadas das armas e das baionetas inimigas. Daqueles que combateram pela liberdade, pelo sonho, pela independência. Os homens e mulheres que viram pela última vez a cor do mundo nas falésias daquela encosta.
Aquela praia guarda segredos e desejos. É percorrida por milhares de pés descalços que voam em objectivos que tardam em concretizar-se. Pequenas vidas ainda sem noção do Mundo, que sedento e lá tão distante, espera um pequeno passo para voltar a dominar e mandar. Sorrisos gratuitos e lágrimas constantes, numa mistura que começa a ser explosiva.
As armas, contra irmãos e não contra o inimigo "vermelho e branco", saltam dos baús e aterrorizam quem antes se escondia debaixo da mesma cama. Ataques, assaltos, banhos de sangue de quem tanto passou. Escolhas de quem recorre ao passado para lutar por um futuro que nunca conseguiu desenhar. Sortilégios finais da solidariedade esquecida, de rios de lágrimas de amizade que uniam a ilha do crocodilo.
A esperança encravada em balas perdidas nos palácios reduzidos a cinzas, apelos lançados ao coração de um homem que sonha em tirar fotografias e ser feliz. Pegar pela mão os pequenos filhos e ensiná-los a amar a terra quente que lhe custou a sabedoria da vida.
Uma pequena nação perdida num mundo de promessas, sonhos desfeitos, sussurros, esquecimento e solidão. Um pequeno povo prestes a enfrentar uma luta fratricida, um ajuste de contas com o destino, que ninguém quer escrever. Rostos que esquecem o coração gigante que transportam, cedendo à tortura fácil de quem maneja a (falta) de razão. A lenda do crocodilo presa no som estridente da arma de um major.
Protege-te! Cuida de ti! A dobrar.
Ha'u hadomi o, Timor!
Malae
Aquela praia guarda segredos e desejos. É percorrida por milhares de pés descalços que voam em objectivos que tardam em concretizar-se. Pequenas vidas ainda sem noção do Mundo, que sedento e lá tão distante, espera um pequeno passo para voltar a dominar e mandar. Sorrisos gratuitos e lágrimas constantes, numa mistura que começa a ser explosiva.
As armas, contra irmãos e não contra o inimigo "vermelho e branco", saltam dos baús e aterrorizam quem antes se escondia debaixo da mesma cama. Ataques, assaltos, banhos de sangue de quem tanto passou. Escolhas de quem recorre ao passado para lutar por um futuro que nunca conseguiu desenhar. Sortilégios finais da solidariedade esquecida, de rios de lágrimas de amizade que uniam a ilha do crocodilo.
A esperança encravada em balas perdidas nos palácios reduzidos a cinzas, apelos lançados ao coração de um homem que sonha em tirar fotografias e ser feliz. Pegar pela mão os pequenos filhos e ensiná-los a amar a terra quente que lhe custou a sabedoria da vida.
Uma pequena nação perdida num mundo de promessas, sonhos desfeitos, sussurros, esquecimento e solidão. Um pequeno povo prestes a enfrentar uma luta fratricida, um ajuste de contas com o destino, que ninguém quer escrever. Rostos que esquecem o coração gigante que transportam, cedendo à tortura fácil de quem maneja a (falta) de razão. A lenda do crocodilo presa no som estridente da arma de um major.
Protege-te! Cuida de ti! A dobrar.
Ha'u hadomi o, Timor!
Malae
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