do equilíbrio.

Numa conversa fortuita:

R. diz:
o cérebro deixa o coração ser impulsivo, amar vertiginosamente, desejar até à loucura, ser uma "gostador" obsessivo;
R. diz:
o coração permite ao cérebro dizer-lhe que tem que estar preparado para perder tudo o que quer, da pior maneira possível
R. diz:
o coração aceita e permite ao cérebro fazer escolhas emocionais, no sentido de optar por aquilo que os fazem sentir verdadeiramente bem
R. diz:
depois de escolherem, nem olham para trás e não se lamentam. porque sabem ambos que pode dar merda de grossa!


Se quisesse, podia até descrever-me, admito. Mas perco-me sempre. Nunca chego ao fim. Aliás, é no princípio que deixo o equilíbrio. E, agora, com novidades. Chegou essa palavra feia que é a inveja. Sinto-a no feminino. Que me lembre, nunca tinha acontecido. Mas nestas madrugadas longas aparece. Porque ontem, hoje e amanhã, quero o teu sorriso. Aquele. Malae

siempre.

«con el alma de un guerrero y el pundonor de un caballero». Malae


09.09.81


Por tudo
e
apesar de tudo...
É sempre de agradecer!

Malae

do zero.

«In love, in fear, in hate, in tears (..)

(...) Sit down next to me»
Malae








sussuro.

«O tempo corre devagar. Mais um dia que deixo fugir perdida em pensamentos e saudades. São muitos já, sabes? O relógio parece que não anda, mas quando se dá por isso, já passaram mais 24 horas. E, nessa altura, é impossível recuperá-las. O dia segue apenas o ritmo da noite. O sono fugido, a rádio, baixinho, a debitar as notícias que dão o sinal que mais meia hora passou, o sol a raiar de novo. O corpo dorido de tantas voltas e de tanto pedido de clemência para adormecer. A cama revoltada, como se tivesse por ali passado uma guerra. Quase que podia jurar que ouvi a tua gargalhada. E senti o teu cheiro de volta. Como voltou, naquele instante, a falta que me fazes. Às vezes, é demasiado complicado escondê-lo. A minha loucura já é por demais conhecida, não precisa de ser publicitada. Depois, aquela chuva miudinha e aquele cheiro a terra molhada não ajudavam. O maldito relógio continuava a correr, nem sei a que ritmo, e só me apetecia ter-te ali, sentir-te, tocar-te. A mente, não raras vezes, recusa-se mesmo a obedecer à minha consciência. E isso irrita-me tanto. Os dias, estes que agora começam, são largos. Olho para as palavras perdidas e parece que escrevo «As crónicas de uma demência anunciada». Que me vou arrepender do que aqui vai e do que aqui se diz. Porque eu sou assim, e não me parece que vá a tempo de mudar. Mas, que raio, fazes-me falta. De todas, e tantas, formas. Da mesma maneira que me apetece dizer que me fazes mal. Tanto. Mas não tenho direito de te pôr essa culpa em cima. Ou se calhar tenho. Mas temo que não me apeteça, ou não consiga. É, continuo sem saber o que fazer. Incrível, tanto muda e tanto fica igual. E eu, que nunca me deixei encontrar, continuo perdida. Sussurro, imploro quase, um «por favor, importas-te de ir embora». Mas tenho medo da resposta. E, muito mais, do bater da porta.»

Malae