Corpo.

Corpo dorido e perdido. Corpo vivido e sentido. Corpo que quer esquecer. Corpo que precisa de reagir. Corpo que se perde. Corpo que se em momentos. Corpo que não aguenta mais. Corpo que chora. Corpo que ri. Corpo que acredita. Corpo que desespera. Corpo que não sabe. Corpo que não quer. Corpo que anseia. Corpo que vive. Corpo que te ama.




Sinto-te passear no meu corpo
Corres-me nas veias
Penetras-me na pele
Controlas a respiração ofegante
Dás vida aos lábios secos
Comandas o corpo que ganha vida
Paras o mundo como só tu o sabes fazer
Trazes o desejo e a paixão
És perfeição perdida e consentida
És domínio e querer sem pensar
És destino e desencontro
És procura e conquista
Requintes de doçura
Espalhados em lençóis quentes
Abrigo das noites desertas
Controlo desenfreado preso
Num sentir sufocante
Que te torna real e presente
Reacção perfeita de um corpo
Sem força para te combater
De uma alma presa ao teu destino
De uma vida sentida em ti.

Malae
[Poema sem destino. Poema sem dono. Poema sem nexo. Costuma-se dizer que escrever vem da alma, que escrever por vezes dói. Linhas de sentir perdidas na força. Palavras arrancadas do intimo. Sentimentos que precisam de sair. Um esforço em vão. Uma tentativa de encontrar o caminho. Confidências arrancadas a fogo no meio de uma pausa na luta diária. Na tentativa vã do esquecimento. Na busca louca de seguir em frente. De domar a saudade. Essa saudade por vezes boa por vezes má. Essa saudade que traz um sorriso e uma lágrima. Essa saudade que nenhuma linha apaga, por muito que se tente. Porque o corpo que a transporta precisa de paz. Porque o corpo que a transporta se sente vencido. Porque o corpo que a transporta não sabe o que fazer com o que sente. Porque o corpo que a transporta não sabe lidar com esse amor. porque esse corpo não sabe o que fazer contigo.]


*Raras são as vezes que leio o que escrevo e eu própria me perco. Raras são as vezes que busco um sentido nos rabiscos que deito nas folhas. Raras são as vezes que questiono as palavras debitadas à velocidade do pensamento. Mas hoje perdi-me. Porque luto contra ti e contra o que sinto. Porque continuo a procurar respostas e força. E porque continuas a ser caminho.

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