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«Vivi. Chorei, ri, ganhei, perdi. Repeti. Renasci. A vida, essa, é mesmo assim e nada muda estes ciclos. Mesmo que se olhe para trás e se veja um manto de retalhos, com tanto significado que dói vê-los estilhaçados. A introspecção tanto ajuda, como magoa. Mas, não poucas vezes, é tão necessária, que fugir dela é abandonar a própria vida. Não a podemos ignorar quando medos (re)surgem e fantasmas (re)aparecem. Tempos que destapam feridas não saradas. Já perdi pessoas que amei, já me afastei de pessoas que são pedaços de mim, já deixei fugir pessoas que me eram tanto e tudo. Já descobri que posso ser descartável, importante para quem não pensava ou invisível. Disse adeus a sítios e locais que escreveram a minha história, deixei a casa que era minha, as ruas onde andava de olhos fechados. Ganhei, se calhar menos no que gostava, perdi, muito mais vezes, talvez, do que pensei aguentar. Já clamei por sol em dias de chuva e já vi o céu negro em pleno Verão. Falei com estrelas, perdi noites a olhar o céu e dias por entre árvores confidentes. Já tanto (se) passou e tanto ainda está para (se passar). Não posso fugir. Mas de uma coisa tenho certeza: contra isto não tenho força para lutar, não consigo fugir e tenho medo. Como a criança que paralisada se escondeu.»