24 de Novembro.


Neva sobre a Marginal
só que a neve não espera
não se vai com a primavera
nem fica à espera no chão
Neva sobre a Marginal
quem me dera que mar fosse
o mar é muito mais doce
e não fere o coração
(Luís Represas, Neva sobre a Marginal)

Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo.

Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo. Um beijo.

Malae

Chave.

«Rodo a chave na mão. Sinto-a. Relembro o seu significado. A chave do caminho certo. A chave do que de bom podemos querer e do que realmente vem. A chave que fecha uma porta sem fechadura. E abre uma pequena porta cujo significado é sempre questionável. Um pequeno pedaço de metal, cujo frio traz de volta a realidade. Uma chave que devia estar escondida. Uma historia que se repete, num ciclo construído sem motivo sem noção. Um simples momento que se julga de batalha ganha, para depois se perceber que foi apenas uma trégua de uma “guerra” que não acaba. Uma chave sem sentido, apenas com um pequeno brilho que alegra. Uma pequena chave. Aquela que por vezes foge da gaveta e aprece do nada fazendo estragos. Porque irremediavelmente, volta a esconder-se e a deixar aberta a porta que não tem como se fechar. Aperto a chave na mão. Sinto-a. Relembro o seu significado. O melhor é voltar a guardar a chave.»
Malae






Regalo.

Um encontro do destino. Um segredo acolhido no fundo da alma. Um momento escrito a medo e loucura. Um saber incerto na certeza de viver.

Nos presentó tu amiga
la que dice que adivina futuros por venir
no sé que más decir
sentado del pasillo en una orilla
¿te acuerdas ya de mí?

Um sorriso perdido num recanto escondido. Um gesto simples de afecto e doçura. Um olhar que desbrava mil caminhos. Um sentido que ganha vida e cor.

Regálame la silla, cansada de la esquina
donde te esperé, donde siempre te esperaba, amor
yo puedo regalarte alguna risa
y hacer una canción
y un pañuelo de lunares
te regalo tiempo pa' que te lo pongas
y una promesa, niña
si te encuentro un día
te pienso dar de una
todos aquellos besos que te merecías


Uma historia que se constrói aos poucos. Uma espera quente e compensadora. Uma alegria inolvidável e acolhedora. Uma gargalhada perfeita e conquistadora.


Por el puente de la esperanza
buscaba un rinconcito para la risa
pensando que ha valido la pena amarte
pasamos momentitos tan flamenquitos
y vimos rinconcitos pa' enamorarse
la calle del pensamiento
me lleva a aquella orilla, no sé si te acuerdas
regálame la silla que tiene arte
yo paso por tu puerta casi to' os días
yo paso y tú decides cuándo asomarte
cuando asomarte

Um doce momento que espreita e fica. Um banco testemunha cega e perdida. Um querer mais do que se pode. Um amar mais do que se quer e se consegue.

Y hasta volvieron de las rimas
imágenes jugando, colgás de no sé qué
seguro que era abril
volvieron todas, todas menos una
que se olvidó de mí

Uma criança que renasce todos os segundos. Uma fria ribeira que não se perde e se encontra. Uma simples manha envolvida em sorrisos. Uma memória perfeita e desenhada a paixão.


Que el pañuelo es pa' llorarte
y no tiene remedio para el que componga
si alguna vez te encuentro por mi cobardía
te pienso dar de una
todos aquellos besos que te merecías


Um suspiro envolto na esperança. Um voltar todos os momentos. Um acreditar sem limite. Um viver em ti até ao fim.

Por el puente de la esperanza
buscaba un rinconcito para la risa
pensando que ha valido la pena amarte
pasamos momentitos tan flamenquitos
y vimos rinconcitos pa' enamorarse
la calle del pensamiento
me lleva a aquella orilla, no sé si te acuerdas
regálame la silla que tiene arte
yo paso por tu puerta casi to' os días
yo paso y tú decides cuándo asomarte
cuando asomarte.
Regalame la silla donde te esperé * Alejandro Sanz
Malae


Palma da mão.

Carta perdida no tempo, no espaço e no sabor do vento.
Malae


«Sei-te triste, desanimado, irritado. Não preciso que o digas, que não preciso que o contes. Conheço-te. Conheço-te como a palma da minha mão. E sei o quer dizer aquele olhar perdido no horizonte, aquela cabeça baixa, aquele mexer de ombros desanimado. O mundo naquele momento fugia-te debaixo dos pés, preso em simples linhas que não conseguias dominar. Darias tudo para voltar fracções de segundos atrás e mudares aquela situação. A raiva consumia-te por dentro! A raiva contigo próprio. Trazias o peso do teu perfeccionismo nas tuas asas e sentias-te vergado aos instantes que não controlaste. E a tua luta, a tua incessante luta, não te permitia remediar nada. Conheço-te. Conheço-te como a palma da minha mão. Sei que detrás desse lado forte, o que se passa te afecta. Sei que no teu íntimo, as coisas são colocadas em causa. Sei que naqueles momentos de silêncio que não gostas, as dúvidas te assolam. Sei que no intervalo de duas gargalhadas, os fantasmas te perseguem. Mas sei muito mais. Sei que nada nem ninguém te poderão pôr em causa. Sei que nada é mais forte que esse tua irascibilidade perfeccionista. Que pode haver quem lute como tu, mas nunca mais do que tu. Pode haver quem torça, mas tu és dos que prefere quebrar. Pode o mundo ir desabar mas o teu altruísmo leva-te sempre um passo mais à frente. E sei tudo isto porque te conheço. Conheço-te como a palma da minha mão. E nunca, por nunca, duvidei que vales a pena. Que independentemente do minuto seguinte, os 60 segundos anteriores já nada roubaria. Sei o quanto vale a tua palavra, o teu sorriso, a tua força. Sei o quanto te dás, o quanto te entregas, o quanto te esgotas. A pessoa que és, que fazes os outros serem, que deixas os outros serem. O exemplo de quem te quer bem. São muitos os que se orgulham de ti. São muitos os que te prezam. São muitos os que sabem que amanha será sempre melhor. E tu, vais ser tu, que o vais novamente provar. Porque foste tu que acreditaste que era possível. Foste tu que sonhaste. Foste tu que conquistaste.
Eu... eu gosto de ti! Muito!

Andrea!»





[“Aunque lo diga la gente, yo no lo quiero escuchar. No hay más miedo que el que se siente cuando ya no sientes na'. Niña tú lo ves tan fácil, ay amor, pero es que cuanto más sencillo tú lo ves más difícil se te hace”*]